Friday, January 04, 2008

Coração Blindado
Engenheiros do Hawaii
Composição: Gessinger/fonseca/ayala/aranha/pedro A.

Fácil falar
Fazer previsões depois que aconteceu
Fácil pintar o quadro geral
Da janela de um arranha-céu
Sem ter que sujar as mãos
Sem ter nada a perder
Sem o risco de pagar pelos erros que cometeu
Fácil achar o caminho a seguir
Num mapa com lápis de cor
Moleza mandar a tropa atacar
Da tela do computador
Sem o cheiro
Sem o som
Sem ter nunca estado lá
Sem ter que voltar pra ver o que restou
Com a coragem que a distância dá
Em outro tempo em outro lugar
Fica mais fácil
Fácil demais
Fazer previsões depois que aconteceu
Fácil sonhar condições ideais
Que nunca existirão
Sempre a distância
Sem noção
O que rola pelo chão
Não são as peças de um jogo de xadrez
Com a coragem que a distância dá
Em outro tempo em outro lugar
Tudo é tão fácil

Tuesday, January 01, 2008

"Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui. O medo sempre me guiou para o que eu quero; e, porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo quem me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado." (Clarice Lispector - A Legião Estrangeira)

Correr riscos... que venha 2008!!

"...E então você não quis nada disso. E parou com a possibilidade de dor, o que nunca se faz impunemente. Apenas parou e nada encontrou além disso. Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce. E eu não choro, se for preciso um dia eu grito, Lóri..... Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda... Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe... Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isto consideramos a vitória nossa de cada dia..." (Clarice Lispector)