Wednesday, November 01, 2006

Receio-me em questionar o cheiro, a saliva e o suor. Pareço fingir, porém sinto o contorno suave daquela viva e sensata sensação de ser real. O olhar encobre os não-ditos distraídos e, ao tornar-se cego, entrega-se ao delírio de viver o nu. Despir-me significa convencer-me de que nem tudo o que não vejo, pode-se ignorar, pois a existência do real está na medida em que o considero. O “tornar-se” cego geralmente precede o momento exato da dúvida, do receio e do questionamento. É o momento em que o fingir perde seu sentido e cede o seu lugar ao sentir... considera-se então o delírio de ser real e não a realidade em si, pois afinal, alguém poderia me dizer se esta existe?


"Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não enxergo, mas me sinto." (Martha Medeiros)

No comments: